Saudade dos Pais
Sinto falta do abraço apertado,
Da voz firme que trazia paz,
Dos conselhos no tempo exato,
Dos olhares que diziam mais.
A mesa agora está tão vazia,
O silêncio virou companhia,
A lembrança é o que me guia,
Nos dias de dor e de agonia.
O cheiro do café de manhã,
O riso leve no fim do dia,
Tudo isso a memória ganha,
Como parte da minha poesia.
O colo que curava ferida,
A bronca que vinha com amor,
A presença em toda a vida,
Hoje mora só no interior.
Guardo fotos, bilhetes e risos,
Cada gesto ainda tão presente,
São pedaços dos paraísos
Que carrego eternamente.
Quando o mundo parece pesar,
Fecho os olhos pra recordar,
A mão que sabia amparar,
E me ensinou tanto a amar.
Não tem dia certo pra doer,
Às vezes a falta vem do nada,
Como um vento a estremecer
A alma já tão calejada.
Mas também há gratidão profunda,
Por tudo que me foi deixado,
A herança mais rica e fecunda
Foi o amor sem ter sido cobrado.
Se pudesse ter só mais um dia,
Diria tudo com calma e calma,
Mas enquanto o tempo desfia,
Guardo vocês dentro da alma.
Pais, meu porto, minha raiz,
Mesmo longe, estão aqui,
Na saudade que não se desfaz,
Na lembrança que vive em mim.
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